segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Ainda não era primavera quando eu sonhei acordado

Oi, tudo bem? (surpresa)
- Tudo bem e você? (desconforto)
Bom te ver!
- Bom te ver também...
(silêncio)

***

Me desculpa?
- Pelo que?
Já nem sei... não me lembro!
- Então esqueceu?
Pelo visto, esqueci... a memória faz o bem, quando “decide” esquecer! (risos)
Só me importa o agora, de frente para você...
(silêncio)
- Me desculpa você...
Pelo que?
- Por fugir... por te abandonar... por demorar tanto e te deixar me esquecer...
Mas eu nunca te esqueci! Nunca te esquecerei...
- Eu sei!
E?
- E por isso, eu voltei...
Para ouvir, e também, desculpas me pedir?
- Não! Não é por isso que eu estou aqui...
...
- Eu vim te dizer o que eu não disse. Ouvir o que não te deixei falar.
- Vim te olhar mais uma vez. Saber se ainda me quer, mais...
Mais o que? Não sei se quero escutar... Esqueci o que queria dizer... As palavras voaram para longe... para longe do meu peito...
- Sem palavras não há conversa!
Há diálogos...
- Sem palavras?
Sim!
- O que quer dizer?
Não quero dizer nada! O que eu sinto é suficiente... para não dizer nada!
- Quer ouvir?
Não, não quero ouvir nada! O que eu vejo já é suficiente... para não querer escutar nada!
- Mas o que você vê? O que sente?
Vejo você, e queria não sentir nada!
...
- Mas ainda sente?
Depende...
- Do quê?
Do que vai fazer!
- Não entendo...
Entende! Mas acho que não acredita...
- No quê?
No que quer fazer!
- E por acaso sabe o que eu quero fazer?
Sim eu sei! Mas não é por acaso...
- Tenho medo...
Ilusão!
- É verdade!
A Verdade é que você não quer admitir...
- Admitir o quê?
O que eu admiti para mim mesmo! Faz tempo...
- E?
E por isso ainda não fez o que veio fazer!
- E o que eu vim fazer? (Posso saber?)
Veio fingir que não quer nada. Veio tentar provar que não sente nada, mas sabe que não vai provar nada...
- Eu não vim fingir nada! Muito menos provar algo!
Mas ainda assim me pede que eu te convença, que eu argumente, que eu declame, que eu me derrame, que eu me transborde...
- Não estou pedindo nada disso!
Então porque está aqui?
- Já nem sei! Droga! Eu simplesmente vim...
E agora está nervosa...
- EU NÃO ESTOU NERVOSA!!!
Claro que não! Está com medo...
- Que droga! Não pode facilitar?
Facilitar? (perplexidade com revolta)
NÃO, NÃO POSSO!!!
EU FACILITEI O TEMPO TODO! TENTEI TE CONVENCER DE TUDO! ARGUMENTEI DE TODOS OS LADOS! DECLAMEI TODAS AS MINHAS POESIAS! DERRAMEI SOBRE TI TODO O MEU SER! TRANSBORDEI DE INSPIRAÇÃO E COMPUS CANÇÕES NO VIOLÃO PARA VOCÊ! PARA NÓS! PARA O NOSSO AMOOOR... ANDEI, CORRI, VIAJEI, PILOTEI, E CAÍ ATÉ VOCÊ! ATÉ TE DERRUBEI... (ofegante)
(lágrimas/acalmando)...
- (lágrimas)...
Mas você fez tudo parecer difícil... acreditou friamente nisso... e finalmente, me deixou...
... (acalmando)
E por isso não vou facilitar NADA! Não vou dificultar também... Não vim aqui para isso!
- E veio aqui para quê?
Vim para ser honesto comigo mesmo! Para ser verdadeiro com o meu coração! Vim te olhar, te ver, e te enxergar, mais uma vez... Para ter certeza que eu vou te amar para sempre, admitir isso, para poder viver em paz com isso...
(silêncio)
(suspiros)
(cabeças se erguendo)
(rostos se evitando)
- Desculpa, acho que eu não devia ter vindo aqui hoje...
Não precisa me pedir desculpas! Já te desculpei faz tempo...
- Mas eu estou me sentindo mal com tudo isso!
Desculpas não farão você se sentir melhor...
- E o que vai?
Me diz você!
- Não sei o que dizer...
Então parece que você realmente veio aqui para nada!
- Não! Não...
(aproximação)
(respiração)
- Você está certo!
(interrogação)
- Eu vim aqui para...
(aproximam-se as mãos)
- Eu vim aqui porque eu cansei! Cansei de me enganar! Cansei de fingir que não sinto nada! Cansei de tentar ignorar meus pensamentos! Eu vim aqui para provar...
(olhares que se cruzam)
- Vim te ver, e provar para mim mesma, que todo esse tempo eu estive errada!
(olhares fixos e de esperança marcada)
- Eu vim aqui te dizer... que a minha vida é boa, que sou abençoada... que sozinha eu posso tudo, mas que sem você eu não quero mais nada!
(frente a frente)
- Nada além do que a minha rotina... que parece me levar a lugar nenhum! Tudo parece se repetir, e por mais que eu ande, é como se eu estivesse parada!
- Sei que está bem. Eu também fiz tudo que me propus a fazer. Mas sinto falta de voar, sinto saudades de ir além, e de ser totalmente contemplada!
(silêncios)
(tensões veladas)
(olhos brilhantes)
(cara a cara)
(finalmente)
Eu não posso escutar mais isso... eu não consigo mais ficar perto de você...
- Por quê? (com lágrimas)
(olhos dentro dos olhos)
(dentro da alma)
Porque eu não sei ficar ao teu lado – eu nunca soube...
Desde a primeira vez que eu te vi, até este momento agora, toda força que eu faço – e que eu fiz... foi para conseguir – ou pelo menos tentar – fazer você não ir embora! Mas eu falhei duas vezes! E nunca me senti tão fraco e sozinho... Não sei se posso suportar mais uma vez... a dor de te perder a qualquer hora,... de novo...
(sofrendo)
- Não diga isso meu bem... só de pensar nisso, me dói o peito!
(dengo)
- Dessa vez não deixarei você me perder... (carinhos)
- Prometo que nunca mais estará sozinho, nessa árdua e iluminada tarefa de estar ao meu lado!
(sorrisos)
(redenção)

Mas agora, é tarde demais... infelizmente!

Catarse pós País das Maravilhas

Vamos nascer
Vamos crescer
Vamos amadurecer
Vamos dormir e despertar
Vamos sonhar e ter pesadelos
Vamos negar
Vamos casar
Vamos correr e imaginar
Vamos fugir e procurar
Vamos achar a toca do coelho
E cair no abismo, sentindo medo
Escuro, frio e finito
Vamos bater, de cabeça para baixo
Vamos cair e ficar de pé ao contrário
Vamos beber, e encolher o corpo
Vamos comer, e virar gigantes
Vamos raciocinar e atravessar a porta
Resolver a xarada e virar a chave
Vamos conhecer um novo mundo
O mundo que nós visitamos
Que passeamos enquanto dormimos
Quantas aventuras vivemos sonhando
Sem que um dia vivamos chorando
Somos todos coelhos de terno
Lagartas profetas, oráculos de fumaça
Feridos por bestas caolhas, cegas pela desconfiança
Os gatos sorridentes perdendo a cabeça
Conduzindo-nos ao Caminho do Clã da Cartola
Fugimos de cães que nos caçavam outrora
Fora Rainha! - E eles logo vão embora
São aliados dos Dias de Glória
Vamos juntos em busca de mais uma vitória 
Vamos em busca do Dia da Glória
Fora Rainha, queremos que vá embora
Foi a Rainha que perdeu a cabeça
Somos os juízes que vieram de fora
Vamos ver, julgar e agir
Vamos condenar à sentença máxima
À Evolução Individual Avançada (EIA)
Vamos convidar, quem não quer aprender A Nova Ordem
A viver, como se não houvesse normas
Mas desta vez seremos a grande forja
Vamos forjar a ferro e fogo
O Grande Motim Contra a Maldade
Vamos marchar contra a Rainha Cabeçuda
Vamos lutar pela Glória da Verdade
Vamos levantar a Espada da Dúvida
Vamos triunfar no Mundo Subterrâneo
Vamos reinar no Dia da Glória
Vamos finalmente vencer a Demora
Não aguentamos mais os maltratos
Agora aguentem o Baile de Máscaras
O grande baile no País das Maravilhas
No Castelo de Areia, reina a baderna